segunda-feira, 2 de julho de 2012

Dafen, a cidade chinesa da cópia em massa

Lembram daqueles copiadores de textos nos antigos monastérios, responsáveis pela literatura que hoje temos nas mãos? Essa cidade me lembrou isso, mas com uma causa menos nobre. China lembra cópia. Seja tecnologia ou marcas famosas, lá tem um cheiro de plágio.

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Esse é Dafem, um pequeno subúrbio da cidade chinesa de Shenzhen, situada a 30 km. de Hong Kong. Nesse bairro trabalham mais de 10.000 pintores que se dedicam a realizar cópias de quadros para todo o mundo. Isso mesmo que você leu: cópias. Ela era uma antiga aldeia de pescadores, que agora virou o maior centro artístico do mundo. Quando você chega, é recebido por uma grande escultura de bronze de uma mão segurando um pincel.

Uma cerca rodeia os cinco quilômetros quadrados de Dafen, com suas meia dúzias de ruas empedradas ao estilo europeu, 800 galerias de arte falsificada e as glamourosas cafeterias. Lá você pode encomendar por mais ou menos U$ 35, réplicas de Picasso, Leonardo, Raphael, Van Gogh, Miro, Renoir ou qualquer artista conhecido, todas pintadas a mão.

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Aquí, artistas eleitos entre os melhores estudantes das Escolas de Belas Artes da China produzem perto de cinco milhões de telas por ano, 70% de tudo o que é vendido no mundo. Como seria de se esperar, isso tem gerado queixas de muitos artistas, e o governo chinês proibiu as galerias de vender cópias de obras de artistas vivos e de pintores que morreram há menos de 70 anos.

Dafen copistas05O fundador desta "Vila dos Pintores“ foi Huang Jiang, um homem de negócios inteligente que veio para Dafen em 1989, procurando um lugar calmo para atender a grandes encomendas de milhares de quadros que lhe fizeram hipermercados americanos, como o Wal-Mart. Filho de uma professora de arte, começou a pintar quadros encomendados por milionários europeus. No início, ele levava dois dias para pintar um quadro que vendia por dois euros. Depois, ganhou experiência e conseguiu terminar cada quadro em apenas uma hora.

Durante mais de 20 anos, Huang vem pintando doze quadros diariariamente, o que perfaz um total   de mais de cem mil pinturas, tornando-se assim, possivelmente, o autor mais prolífico  de nossa história. Agora, nesta grande 'fábrica‘, cada pintor realiza 30 copias por dia,  em um sistema de “fabricação” em cadeia, onde cada artista se especializa em uma parte de um quadro em particular.

Veja mais imagens dessa vila que combina com arte, mas não a criada que é a mais nobre. Mesmo assim, é algo a ser admirado pela grandiosidade.

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Enviado por Luiz Edgar de Carvalho

2 comentários:

  1. Claus,

    Recentemente estive em Paris e ao visitar a feira dos artistas em Montmartre, fui alertado de que boa parte das 'obras' ali vendidas vinham prontas da China.
    É difícil de acreditar que os próprios 'artistas' recorram a estes artifícios, mas é a realidade.

    Abraços e parabéns pelo blog,

    Paulo

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    1. Obrigado pelo seu depoimento Paulo. Nada melhor do que o testemunho ... estar em uma referência artística como Paris.
      E o que acho interessante, é que provavelmente são bons artistas, afinal reproduzir uma boa obra não é tarefa para qualquer um.
      Abs e seja sempre bem vindo.

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