O dia dos mortos não é necessariamente o dia da morte, da tristeza, do vazio. Parece o contrário. Cemitérios se enchem com o colorido das flores, pés caminham entre os túmulos, lágrimas lembram bons momentos, filhos são apresentados aos bisavós que lhes olham de sua imagem em preto e branco. Isso é vida, reviver aqueles que deixaram seus fragmentos de personalidade e nos causam essa sensação.
E de tempos em tempos a pergunta novamente vem à tona, lá nos brios de nossos medos: o que é a morte? Será que existe um portão celestial para os bons e o tridente diabólico para os maus? Quando estiver ausente da Terra, estarei em espírito por aqui, só que em outra dimensão? Essa velha ponte, chamada morte, leva à travessia para que lugar? Devemos temê-la?
Entramos aqui no polêmico mundo das religiões e suas simbologias ancestrais. Mais do que definir com precisão esse momento de nossas vidas, é importante lembrar que ele é comum à todos nós e inesperado. Não virá para nos separar desse mundo, nem trazer tristeza ou paz para quem agoniza em seus últimos suspiros sofridos. Apenas virá. Alguns acham que sabem como é lá, porque dizem manter contato com esse o mundo. Outros, elevam sua voz, de livros sagrados em mãos, para preconizar o castigo por não crer em seus princípios.
Se estamos falando da morte porque não celebrar a vida? Somos passageiros espirituais de um veículo chamado corpo que nos possibilita contato físico com esse mundo impregnado de sons, cheiros, texturas, imagens que “talvez” só como matéria somos capazes de absorver. Viva esse dia, com a alegria de ter conhecido quem hoje não está mais entre nós e o priviligiado de respirar nesse momento.
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