Fuso horário de 24h NAS ILHAS DIOMEDES
Há um lugar no mundo em que os territórios dos Estados Unidos e da Rússia estão a menos de 4 km de distância, mas qualquer percurso entre eles terá uma diferença de 24 horas.As ilhas Diomedes são o encontro de 2 continentes, 2 países, 2 culturas e nos tempos de guerra fria, 2 regimes que competiam.
Localização das ilhas Diomedes, perdidas entre 2 continentes
Estamos falando das isoladas Ilhas Diomedes, no Estreito de Bering, a inóspita porção marítima que separa o Alasca do extremo leste da Ásia, por onde provavelmente os primeiros habitantes da América atravessaram vindos da Ásia. O seu nome é inspirado em Diomedes, o herói da mitologia grega, reverenciado como o segundo maior herói na conquista de Tróia. Quando pensaram nesse nome, provavelmente faziam referência à sua resistência em um lugar tão inóspito.
Na Pequena Diomedes, seus habitantes espremem-se na íngreme encosta do território norte-americano.
O povoado de Pequena Diomedes, com apenas 170 habitantes
As duas Ilhas, conhecidas como Grande Diomedes e Pequena Diomedes são separadas por uma faixa de água de apenas 4 km, que fica congelada durante boa parte do ano, permitindo a passagem a pé entre elas. O curioso é saber que Grande Diomedes é o ponto mais a leste na Rússia, e Pequena Diomedes é o ponto mais a oeste dos Estados Unidos.
Durante o período da Guerra Fria, os nativos que habitavam as ilhas antes da colonização russa ou americana não podiam circular entre as ilhas, nem trocar qualquer tipo de informação, na área que ficou conhecida como "Cortina de Gelo".
Após o final da 2ª Guerra, todos os nativos da ilha russa de Grande Diomedes foram transferidos para o continente, e o arquipélago manteve um pequeno povoado apenas na ilha norte americana de Pequena Diomedes, que até hoje possui cerca de 170 habitantes, num dos locais mais isolados do planeta.
O que torna o lugar ainda mais curioso é que exatamente entre as duas ilhas passa a "Linha Internacional de Data", criando um fuso horário de nada menos que 24 horas numa distância que de tão pequena chega a ser visual.
A Linha Internacional de Data passa exatamente entre as ilhas
Em 1987, um evento emblemático levou as pequenas ilhas às manchetes do mundo inteiro. A nadadora americana Lynne Cox atravessou os pouco mais de 3.700 metros que separam as ilhas irmãs, num gesto de aproximação entre as super potências que se esforçavam para estreitar os laços a tanto tempo separados.
Hoje, em tempos de paz, há vários projetos para criar monumentos que simbolizariam a paz entre os dois países. Num recente concurso , um projeto chamado de "Ponte da Memória", ligando as duas ilhas, ficou entre os campeões, no que seria a primeira ligação entre América e Ásia depois de dezenas de milhares de anos.
Projeto para Ponte entre as ilhas, conhecida como "Ponte da Memória". Detalhe do Projeto. Uma fantástica obra de engenharia para poucos conhecerem
Segue uma reportagem da CNN, só que em inglês. Mesmo assim vale a pena ver essas imagens, para sentir as dificuldades que enfrentam quem mora por lá.
Tanto o texto, quanto as imagens são de um email enviado por Carlos Gauer
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