Na sexta aproveitei o caminho de volta de uma visita comercial para visitar minha tia que estava doente. Logo ao entrar na estradinha que leva ao morro onde está sua casa, estava na esquina a antiga de enxaimel, típica alemã. Reconheci cada pedaço daquele passado, que naquele momento estava mais presente que nunca. Em frente, a velha ferrarria, com a bigorna, as ferraduras, e de repente também veio a memória a charrete que o "Opa" (avô em alemão) pediu à um amigo seu, que ele gentilmente parou para que eu desse uma volta. As tardes com ele, a mesa do café e almoços, onde essa tia que cuidava dele preparava com tanto carinho, a cachorrinha brava, que sempre tentávamos acariciar, o rancho no alto do pasto verdejante, e lá dentro os porcos, cavalos e vacas. Aquela típica paisagem rural, que agora gostaria de ter de volta.
Já em casa, refleti, olhando antigas fotos, as pessoas que se foram e a importância das que estão conosco ainda. Da farta comida que minha mãe ainda nos oferece quando a visito, mesmo com seus 76 anos, com seu jeitinho engraçado e de como se preocupa comigo. E meu pai, nos seus 84, com a disposição que a idade permite em consertar coisas, sua inteligência, o jeito brincalhão com minha mãe. Quanta importância damos ao que temos? De verdade, eu tenho um passado bom para recordar, um presente lindo para viver com um timing (amigos, saúde, etc...) que tenho que aproveitar ao máximo. E o futuro? Sempre estou cheio de planos, sonhos, conquista à minha espera.
Nesse blog não quero ser nostálgico, só por lembrar do passado. Quero refletir sobre essa brevidade chamada vida e tudo que faz ou não sentido. O que deixarei de mim por aqui? A alma. A lembrança de uma frase, meus pontos de vista, minhas ações, as piadas, as risadas, o abraço, o sentimento de boa ação daquelas vezes que ajudei alguém que precisou. Mais do que esse ser animal, um pedaço de carne com o supremo poder de pensar, podemos ser um filtro, uma modelagem de decisão, uma partícula de emoção com a arte que podemos criar através da literatura, pintura, música ou outra expressão artística.
Muitas vezes reflito e chego à conclusão, de que nosso corpo é apenas meio para que possamos sentir, cheirar, ouvir ... Se fosse comparar, diria que nossa alma, ou seja lá o que somos além da carne, é um motorista e nosso corpo, o carro que nos permite chegar aos diferentes pontos de contato com esse planeta. Por milhares de razões, posso não estar amanhã aqui, como um dia não estarei. Mas não posso e não devemos desprezar esse momento, esse verdadeiro e fantástico presente, que é viver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário